segunda-feira, 17 de maio de 2010

meus passageiros.

Girei, girei, girei até tombar naquele chão sujo infestado de solidão. Não consegui me levantar e fiquei ali, deslumbrado com o infiito que se formou diantes de meus olhos tontos. Eu quis buscar todas as respostas naquele momento, mas não consegui nada além de ressucitar velhos pensamentos que me incomodavam de maneira cruel. Eu não pude sair dali. Meus olhos queriam as respostas. Minha cabeça começava a encontrar a loucura. Os meus pés começaram a se mexer devagar, procurando tocar em algo que me desse mais e mais forças pra continuar. Levantar. E pra caminhar. Porque às vezes eu percebo que minhas pernas se movem mas que eu não procuro chegar a lugar algum, que eu tento apenas me refugiar numa loucura infantil que me faz de escravo alucinado. Ou não. O chão frio me tocava. Era a única coisa que me tocava. Aquela poeira trazida pela vento de qualquer lugar que não fosse aquele lugar ali, e que agora ficava adormecida nas frestas daquela madeira corroída. Eu queria escalar a janela e me jogar não-sei-pra-onde, cair e bater a cabeça e desistir da minha existência-qualquer. Não sei quanto tempo passou desde que eu havia tombado. Mas os barulhos vindos da rua me trouxeram a consciência perdida por instantes. Eu só queria existir. Me desculpe por todas essas lamentações baratas, mas eu não consigo passar um dia sem pedir ajuda. Eu sento de joelhos e jogo toda a energia do meu corpo pro espaço e sinto uma onda quente de vibrações neutras invadindo meu cosmo e pedindo pra aguentar firme. Forte. Sou fraco. Não, eu sou forte. Os meus vinte e poucos anos me deixaram com a carga dos quarenta, e eu já não suporto mais esperar. Quero que as coisas aconteçam de fato. Quero levantar. Lavar meu corpo e expulsar toda essa sujeira que me faz ser imundo. Quero o mundo. Mas sei que ele não cabe nos meu braços. Estou fraco, não, não, estou forte, preciso aguentar de novo. Os meus braços empurram o chão que me empurra de volta pra que eu possa ficar sentado. Pra depois levantar e voltar pra realidade barata que não consigo mais suportar. Tive dias felizes, vários, pensei que dessa vez seriam pra sempre. Mas me deixei enganar pelo tempo. Hoje eu sei que esses ciclos vão me atordoar por mais invernos. Infernos. Até eu conseguir o que nem sei o que quero. Até eu cair de novo e levantar sem a menor dúvida de que preciso continuar existindo. Levanto a cabeça e olho pra janela. Os velhos devaneios voltaram. Preciso expulsá-los de mim. Ou então vou me deixar caído até esperar passar uma brisa forte o suficiente pra me levar junto. Sei que não vai acontecer. Que se dane. Meus pés já estavam sujos e tudo que eu tenho que fazer é encontrar a melhor maneira de lavá-los, pra que enfim, possam se sujar de novo, mas com poeira mais fina e simplesmente passageira.

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